Bloquinhos já na rua e a Tapete Vermelho está entrando na folia!
Sabemos que o preconceito e o assédio não combinam nada com o Carnaval de hoje, mas em uma época mais antiga as marchinhas, "mães" dessa festa, tinham um conteúdo por vezes preconceituoso e depreciativo, mas que refletiam de alguma forma as características da época.
Hoje sabemos que questionar se "o Zezé é ou não é" e insinuar que "Sapatão,de dia é Maria, de noite é João” não é nada bacana e não faz jus ao clima de festa que deveria ser o Carnaval.
Carnaval este que seria uma comemoração da periferia mas acabou se tornando cada vez mais elitista e apresentando temas como preconceito, escravidão, assédio sexual e racismo mas não da forma que deveriam ser tratados, mas como marchinhas que todo mundo sabe cantar e repetem em grupo.
O Sarau das Pretas propôs a reformulação dessas músicas hoje no Sesc Santo André, em poket show que desconstriu temas como chamar a mulher negra de mulata ("não sou filha de mula!") e questionar a sexualidade alheia. Mais que isso, repetiram de forma harmônica e quase como um encantamento que não é não, mas que depois do sim é só curtir.
O CarnaPretas mostrou que é possível sim a diversão sem preconceito, sem o rebaixamento do outro e de alegria pura. As artistas Débora Garcia, Elizandra Souza, Jô Freitas, Taissol Ziggy e Thata Alves, produzidas e impecáveis na declamação de poesia e da palavra falada, empolgara o público e mostraram que o respeito pode sair junto para os bloquinhos do fim de semana.
Glória Santucci by Tapete Vermelho